A criança e a cidade: experimentar para aprender

“Toda criança tem direito à cidade”. Foi assim que Irene Quintáns, arquiteta urbanista, fundadora da Rede Ocara, deu início à sua palestra no Instituto Singularidades, um dos mais importantes centros de formação de professores do país. No encontro, ela falou sobre a importância da relação entre a criança e a cidade e foi categórica: “Se a criança não vivenciar as ruas e as diferenças, não assimilará essas realidades”.

A Rede Ocara defende a concepção de cidades amigáveis e desenvolve projetos sobre cidade, arte, arquitetura e espaço público em parceria com crianças. A ideia defendida é a de que a criança precisa viver a cidade/bairro/comunidade da qual participa para se desenvolver de forma saudável.

Mas, será que as crianças brasileiras (principalmente as que moram nas grandes cidades) estão interagindo com os espaços públicos?

Hoje, principalmente nos grandes centros urbanos, como São Paulo, acredita-se que a rua é um local perigoso e, assim, os pais optam por manter seus filhos dentro de casa, do carro, do shopping e tantos outros espaços internos, supostamente protegidos do perigo das ruas. Quintáns provoca: Qual será o melhor lugar para uma criança?

A arquiteta chama estes espaços fechados de ‘caixas’: sem saída, sem oportunidades, sem surpresas. E, o hábito de viver dentro dessas caixas, afirma, é extremamente nocivo para a saúde e para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança, já que a experimentação do mundo torna-se repleta de limites e barreiras. É preciso equilibrar as vivências.

Onde ficam os parques e praças? Como são as calçadas da cidade? Quem são as pessoas que passam nas ruas? Quais as árvores do meu bairro? Quando não vai para fora, a criança perde a oportunidade de vivenciar um mundo de novidades e aprendizagens.

Do lado de fora existem infinitas possibilidades, como: correr, conhecer pessoas de diversas realidades, descobrir novas flores e insetos, sentir texturas e cheiros, observar as cores, aprender nomes de ruas, imaginar histórias, fazer carinho no cachorro que passa! É , ainda, uma possibilidade sem igual para conhecer as noções de cidadania.

Tudo isso a criança aprende por meio da vivência pessoal e não pela tela de uma TV ou pela fala da professora. O aprendizado e o desenvolvimento precisam da experiência.

Estudos apontam que mais de 1 milhão de crianças brasileiras apresentam quadros de diabetes, 39% estão obesas e, provavelmente, manterão tal condição na vida adulta. Os dados são alarmantes e estão relacionados à estilos de vida que privam o contato com espaços externos.

As crianças merecem sair das caixas e vivenciar seus entornos, mas, para isso, os adultos precisam entender e valorizar as experiências de fora.

Para inspirar!

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1 comentário Adicione o seu

  1. Maria Claudia Martins Ribeiro disse:

    O que dizer, então, das crianças que vivem dentro dos muros de condomínios

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